Envelhecimento Cutâneo e filtro solar  

 

  


A pele é o único órgão do corpo humano que possui dois envelhecimentos: Cronológico ou intrinseco e fotoenvelhecimento. O primeiro é regido pelo relógio biológico havendo mudanças genéticas, químicas e hormonais e o segundo é causado pela exposição cumulativa à radiação solar. O fotoenvelhecimento causa agressões mais intensas à pele, pela diferença das áreas cobertas e não cobertas da cutis.


Diferenças marcantes entre o envelhecimento intrínseco e o fotoenvelhecimento, que são coerentes com as alterações bioquímicas e moleculares. No envelhecimento pela idade, a textura da pele é lisa, homogênea e suave, com antrofia da epiderme e derme, menor número de manchas e discreta formação de rugas. No fotoenvelhecimento, a superfície da cútis é áspera, nodular, espessada, com inúmeras manchas e rugas profundas bem demarcadas. Histologicamente, a atrofia e retificação da epiderme no envelhecimento cronológico constata com a acantose da pele actínica. Os queratinócitos são normais na primeira e displásicos na pele fotoexposta. Os melanócitos vão diminuindo conforme a idade, mas aumentam em número e distribuem irregularmente o pigmento na pele lesada pela luz ultravioleta. A pele envelhecida tem menor quantidade de elastina e colágeno e vascularização normal. Na pele actínica, ocorre o aparecimento da zona de GRENZ (faixa eosinofilica cicatricial). As fibras de colágeno têm maior desorganização e as elásticas transformam-se em massas amorfas (elastose), enquanto os vasos tem parede duplicada e infiltrado linfo-histiocitário ao seu redor, caracterizando a heliodermatite.


A luz solar através dos comprimentos de onda UVA e UVB causam danos progressivos às várias estruturas da pele como: queratinócitos, melanócítos, vasos,fibras, glândulas entre outras. A agressão crônica e progressiva vai acumulando até tornam-se perceptível em forma manchas, rugas, flacidez e também câncer de pele.


A proteção solar é essencial para preservar a pele e também para prevenir o envelhecimento. A radiação ultravioleta é responsável por cerca de 80 – 90% do envelhecimento observado na pele. A proteção solar constitui importante medida para prevenir e tratar o envelhecimento cutâneo.


Espectros parte da radiação solar que correspondente ao UVA (320-400nm) e UVB(280-320nm) são os principais responsáveis pelo fotoenvelhecimento e pela indução de câncer de pele. A proteção solar deve iniciar na infância, sendo necessária a educação quanto aos horários de exposição, evitando-se sol entre as 10 e 15 horas nas situações de exposição intensa.


Deve ser usado sempre um fotoprotetor adequado, aplicado 30 minutos antes da exposição solar e reaplicado a cada 2 horas. Além disso, roupas e chapéus também devem fazer parte da proteção. O filtro solar deve ser passado em toda a superfície cutânea, numa quantidade equivalente a 2mg/cm2. Filtro solar é um produto cuja formulação terá ingredientes capazes de proteger a pele do sol. Existem dois tipos de filtros solares: o filtro químico e o filtro físico. O primeiro interage quimicamente com a radiação ultravioleta e transforma a mesma em calor. O segundo protege através de uma barreira promovendo a reflexão dos raios ultravioleta. Os filtros também podem ter outros princípios ativos como: hidratantes, vitaminas antioxidantes e clareadores. O filtro também pode ter vários veículos diferentes como pomadas, cremes, géis e loções; que vão ser indicados conforme o tipo de pele. O filtro solar protege a pele em relação aos danos agudos como a queimadura, assim como das crônicas como envelhecimento e câncer de pele. Imaginemos que uma pessoa vá a praia sem filtro solar e fique vermelha após 10 minutos. O fator de proteção solar 15 significa que após passá-lo, esta mesma pessoa poderá ficar um tempo 15x maior antes de ficar vermelha, isto é 150 minutos (cerca de 2 hs). Hoje em dia também é importante perceber na embalagem se o filtro também protege em relação a UVA (ultravioleta A). O fator de proteção solar para usar na praia deve ser pelo menos 15, mesmo em pessoas mais morenas.


O filtro solar precisa ser passado numa quantidade suficiente para deixar uma camada espessa e protetora. Ele deve ser espalhado em todo corpo inclusive orelhas, pés e mãos 30 minutos antes da exposição solar. O filtro deve ser repassado novamente, também em quantidade significativa 20 a 30 minutos após o início da exposição. Depois disso ele será reutilizado a cada 2 horas. Os indivíduos que tem exposição intensa devido a esportes ao ar livre devem usar bloqueadores solares (proteção mais ampla) e também resistentes a água. Todas as pessoas, independentemente da cor da pele e da idade, até mesmo crianças e idosos. Depois de duas a três horas de exposição é conveniente se resguardar sob um guarda-sol e vestir uma camiseta ou qualquer outra proteção, enfim, não expor a pele em demasia ao sol.


Há inúmeros princípios ativos que são utilizados nos filtros solares como: ácido aminobenzona, avobenzona, octil melaxinamato, oxido benzona, óxido zinco, dióxido de titânio. Há muita controvérsia a respeito da absorção das substancias químicas dos filtros solares pela pele. Recentemente circulou pela imprensa e internet informações ¨terroristas¨ sobre a absorção de ativos do protetor solar. Estas notícias afirmavam que filtros com proteção maior que 30 ao ser absorvidos produziam efeitos estrogênicos em mulheres como: endometriose, cisto uterino, doença fibrocística nos seios, predisposição ao câncer uterino, dor de cabeça, tensão pré-menstrual, alterações no ciclo menstrual. Já no caso dos homens pode ocorrer a diminuição na quantidade de esperma, feminilização, desenvolvimento dos seios, tamanho de pênis menor que o normal,maior incidência de câncer testicular, bloqueio ou redução de características do comportamento masculino no cérebro fetal.


Há evidências em ensaios pré-clínicos de que o 4-metilbenzilideno cânfora (DMC) e derivados possuem atividade estrogênica em ratos; da mesma forma, o octilmetoxicinamato tem sugestiva ação estrogênica em úteros de ratas imaturas.
Entretanto, não foi evidenciado este dano em humanos através de metodologia cientifica, portanto é improcedente atribuir as patologias referidas aos ativos em questão.


Não foi comprovado o aumento do útero em diversos outros estudos.

Sendo mudada a metodologia não foram comprovadas quaisquer alterações no útero de animais. A margem de segurança para o 4-MBC e OMC calculado seguindo as normas do SCCNFP foi maior que 100. A escolha é importante levando em consideração a edoneidade do produto que deve ter registro nos órgãos competentes como ministério da saúde. Estas notícias e informações foram acompanhadas da propaganda de um novo princípio ativo que não permitia a absorção química dos ativos existentes nos filtros solares.


Imediatamente, a comunidade científica se mobilizou e órgãos como o comitê cientifico para cosméticos e produtos alimentares se posicionaram sobre estas informações sensacionalistas. Esta comissão analisou detalhadamente os estudos, encontrando problemas metodológicos básicos, e emitiu um parecer formal e respeito, concluindo que os ativos acima citados não possuem efeitos estrogenicos que tenham potencial de afetar a saúde humana.


As metodologias utilizadas para a analise de produtos devem ser padronizadas para que não ocorram informações falsas ou sensacionalistas. Padronizando as mesmas substâncias químicas encontradas nestes filtros não causaram alterações portanto estão na margem de segurança para serem utilizadas.


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