Imunomoduladores Remédios para o 3° milênio  

 
 

Nos últimos anos a imunologia que é a ciência que estuda a defesa do organismo, vem sendo mais estudada e conhecida contribuindo de maneira importante para elucidar o mecanismo de várias doenças e conseqüentemente o modo de tratá-las.

A biologia molecular que analisa o modo das moléculas funcionarem e a genética médica que hoje está descobrindo o genoma humano elucidando como age cada gene, também vem avançando rapidamente conseguindo trazer uma luz para doenças até hoje desconhecidas.

Qualquer doença provoca no organismo reações do seu sistema de defesa (imunologia). Este sistema portanto, está ligado a resistência da pessoa, agindo de forma mais adequada quando há equilíbrio e saúde. Na AIDS por exemplo, o vírus responsável pela infecção ataca diretamente o sistema imunológico dificultando as defesas naturais e diminuindo a resistência dos indivíduos.

Todas as viroses, doenças bacterianas, fúngicas e inflamatórias despertam no organismo da pessoa a reação do seu sistema imunológico. Isto é feito principalmente através dos linfócitos que são células inflamatórias e que levam mensagens a todo o organismo. Estas mensagens são responsáveis por todo o processo de inflamação que indica que nosso corpo está se defendendo. É por isso que ocorre o avermelhamento, o calor, o inchaço e também a febre. É por isso também que em doenças internas os exames ficam alterados demonstrando sinais de infecção e/ou inflamação.

É impossível sobreviver sem o sistema imunológico, porém paradoxalmente ele é responsável pela maioria dos sinais e sintomas da doença.

Nos processos alérgicos por exemplo a pessoa rejeita uma determinada substância e o sistema imunológico provoca a urticária, coceira, descamação e assim por diante.

Nesta nova era da medicina, podemos contar com os imunomoduladores que são remédios ativos na cadeia do sistema imunológico. Sendo assim eles não vão agir propriamente contra o vírus ou a bactéria, mas sim auxiliar o organismo numa defesa mais adequada evitando os efeitos indesejáveis que surgem devido a inflamação e infecção. Citamos como exemplo uma destas drogas chamada "imiquimod". Ela pode ser usada no tratamento das verrugas vulgares e condiloma acuminado que é a verruga na mucosa peniana ou vaginal.

Até hoje não existe o método ideal para o tratamento das verrugas cujo agente causador é um vírus, pois o mesmo penetra na célula e para agredi-lo é necessário agredir também o indivíduo. 0 imiquimod existe em forma de creme podendo ser usado para o tratamento de viroses de pele como verrugas, herpes e molusco contagioso três vezes por semana, obtendo resultados com oito semanas de terapia.

Este imunomodulador irá tomar a resposta pelos linfócitos mais eficiente, contribuindo com a formação de maior quantidade de citoquinas que são os agentes principais da defesa. Com melhor defesa o organismo pode eliminar o vírus sem auxílio de drogas antivirais potentes que muitas vezes tem efeitos colaterais indesejáveis.

O imiquimod em forma de creme também tem sido usado para o tratamento de lesões pré cancerosas e o próprio câncer de pele. Isto porque quando o indivíduo desenvolve o câncer de pele significa que ele perdeu parcialmente a capacidade de destruir os clones de células cancerosas. Durante toda a vida, são formados grupos de células com características anormais (cancerosas) que o organismo tem capacidade de eliminar através de seu arsenal imunológico. Apesar disto, quando a célula é agredida por muitos anos (sol) o sistema inato de reparação. começa fraquejar e as células cancerosas conseguem se sobrepor ás normais. O imiquimod entra como um agente imunomodulador, auxilia na defesa do organismo que através de sua ação específica no sistema imunológico recupera a capacidade das células podendo eliminar o tumor.

Assim como o imiquimod, várias outras substâncias imunomodulares estão sendo intensamente pesquisadas como: Tracolimus (usado na psoríase e dermatite atópica), Mofetil (usado na psoríase e penfigóide), Imunoglobulina intra venosa (usada no tratamento da necrólise e epidérmica que é um quadro fatal gerado por alergia a medicamentos).

A ação destas substâncias é sempre no sistema imunológico, as vezes nos linfócitos, as vezes nas citoquinas equilibrando e reforçando a defesa natural do organismo.

É interessante enfatizar que o desenvolvimento destas drogas só foi possível porque a tecnologia atual trouxe maior conhecimento à área em questão decifrando todos os passos utilizados na resposta imunológica aos diversos tipos de doenças.

Eles também serão muito fiteis para combater a rejeição aos transplantes de órgãos e para tratar todas as imunodeficiências genéticas ou não, e doenças auto-imunes como vitiligo e lupus eritematoso sistêmico entre outros. Desta forma estamos caminhando no 3° milênio para utilização de drogas inteligentes que agridem cada vez menos e que são mais eficientes na cura da doença a medida que aprimoram e recuperam as defesas naturais do organismo humano.

 

 

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