Estudos indicam que a reposição do estrogênio traz benefícios à pele da mulher menopausada. Médicas brasileiras suspeitam das vantagens do uso tópico e estão realizando pesquisa sobre o assunto.
As modificações ocorridas no organismo das mulheres, abrangendo órgão, tecidos funções orgânicas. Devido ao período da menopausa, já vêm sendo estudadas há algum tempo pelos profissionais da área médica que se preocupam com a qualidade de vida e saúde de suas pacientes.
Um aspecto que ainda é pouco avaliado nos efeitos da deficiência estrogênica climatérica são as modificações que acontecem na pele. Mulheres menopausadas costumam reclamar de pele seca, fina e enrugada. Já a partir dos 30 anos a pele vai ficando gradualmente mais fina, intensificando-se ao redor dos 40 e 50 anos, justamente no período menopáusico. Com o tempo acontece ainda o achatamento das pupitas dérmicas, diminuição da celularidade e alterações no colágeno e na elastina. Baseada na literatura já existente sobre o assunto, a Dra. Denise Steiner, professora adjunta da disciplina de Dermatologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí, está organizando um estudo, em fase de coleta de dados, para analisar melhor as diferenças encontradas nas condições da pele de mulheres que optam por fazer tratamento de reposição hormonal e das que não fazem.
"Nosso objetivo é avaliar se há modificação nas condições da pele com ou sem a reposição hormonal. /saber se a reposição realmente melhora alguns parâmetros da pele. Vamos medir os efeitos antes da reposição e depois dela, para avaliar melhor se há mudança estatística significativa no grau de hidratação, elasticidade e rugosidade. Essa idéia partiu da leitura de alguns trabalhos já publicados e de algumas observações que fazemos.
O medicamento utilizado pelas medicas na pesquisa é o estrógeno em gel, para que possa ser melhorado com estrogênios, sendo auto -limitado se associado à testosterona.
Os estudos existentes identificaram receptores estrogênicos nas células da epiderme, particularmente nos fibroblastos, que também possuem receptores para testosterona. Notou-se que mulheres tratadas com estrogênio apresentam fibras colágenas menos fragmento em sua derme, alem de aumento na vascularização. No período de pós- menopausa, as mulheres que recebem terapêutica de reposição mantêm o colágeno de suas peles ou recuperam parte do que já foi perdido, enquanto as que não fazem esse tipo de terapia continuam perdendo colágeno ano a ano.
"Teoricamente, o uso do gel é mais pratico. Já fiz uma tese de doutorado utilizando a reposição via oral e constatei que há uma melhora na pele, agora quero observar se por via trasdêrmica essa melhora também existe. O hormônio diminui a perda de colágeno da pele, retarda o envelhecimento e o enrugamento. As pesquisas de Brincat, um italiano da Universidade da Ilha de Malta, demonstraram que a pele melhora com o uso de hormônios", conta a Dra. Denise.
"O uso da reposição hormonal visa a qualidade de vida da mulher, além dos cuidados com a pele. A dermatologista, aconselha a reposição, que só deve ser feita mediante a análise individual de um ginecologista. Cada caso deve ser avaliado, cada paciente tem o seu histórico, pois podem haver contra-indicações. É um tipo de tratamento que se pretende indicar para todas as mulheres na menopausa", revela a Dra Denise.
Mulheres menopausadas que passam muitos anos sem terapia de reposição hormonal apresentam redução grande no colágeno da derme, então o estrogênio funciona como agente terapêutico promovendo ganho considerável dessa proteína fibrosa. Em seguida, atua como agente profilático, impedindo a perda do colágeno, substância que é a mais importante proteína da pele, correspondendo a 97,5% das proteínas fibrosas da pele ou a 80% do peso da pele.
A deficiência estrogênica pós-menopáusica causa diminuição do colágeno da pele e da espessura dérmica. Pode haver perda de até 30% do colágeno da derme nos primeiros cinco anos pós-menopáusicos. Depois disso, a perda media por ano será de 2,1%. Ocorre, ainda, a diminuição da elastina. A secura da pele é causada pela diminuição da secreção das glândulas sudoríparas e das glândulas sebáceas são notadas ainda alterações na microcirculação, e desestruturação de pequenos vasos sangüíneos, com o envelhecimento, sendo mais importante em áreas expostas à luz solar.
Na região facial a menopausa também pode deixar a pele mais fina, enrugada, com diminuição de elasticidade e do viço. Os estudos já publicados mostram ainda que há efeito benéfico na utilização do estrogênio tópico. A maioria dos estrogênios tópicos são absorvidos pela pele e aumentam os níveis plasmáticos desse hormônio, tornando essa via uma alternativa à reposição hormonal.
Os efeitos da deficiência estrogênica climatérica na pele influenciam a má qualidade de vida da mulher e prejudicam o seu psiquismo. Com a reposição hormonal a mulher recupera a qualidade da pele e sente-se mais disposta. "A melhora na qualidade de vida é essencial. Teoricamente, quanto mais bonita e menos enrugada, melhor é o astral e menor a depressão e a tristeza que vêm com a perda da qualidade física. Aconselho a reposição hormonal, mas o tratamento tem que ser feito com um bom profissional, um ginecologista com uma boa formação. A melhora do colágeno da pele reflete também uma melhora no colágeno ósseo. A reposição hormonal tem milhares de vantagens além daquelas referentes à pele, mas tem que ser feita com cuidado", afirma a Dra Denise.
Dados que também devem ser levados em consideração no estudo da pele de mulheres no período da menopausa, ou pós-menopausa, são as alterações naturais que acontecem ao longo da vida, como a exposição solar, o período envelhecimento intrínseco, as dietas, as características genéticas e o meio ambiente.
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